segunda-feira, 9 de agosto de 2010

JOGO DO AMOR - LUAN SANTANA AO VIVO (DVD)

Djalma Andrade no Programa MOFO 80

1º Anjo


     Os dias se passavam em minha faculdade...
     Eu e minha turma combinávamos como seria nossa formatura, não sabia eu o que me esperava.
Logo chegou o dia da nossa aula da saudade.
Uma sensação de alívio, saudade e lembranças dos dias difíceis para que houvesse a conclusão desse sonho.
Foi um esforço financeiro, físico, mental, Afinal, não há nada melhor do que saber que mesmo dentre as dificuldades, Eu cheguei lá.
Valeram a pena os dias de angústia, de cansaço e exaustão...
Valeram a pena todos os passos pelo caminho traçado. Cada momento vivido em busca de um objetivo em comum.
Estava próximo o dia...
O tão esperado dia...






     Eu me preparava para realizar mais um sonho, pode-se dizer que foi o dia mais ousado da minha vida.
Palco iluminado, cortinas de vual, arranjos de flores estavam espalhados por toda parte, misturas de cores, sons e sensações...
Chegava o dia mais esperado e mais temido, pois como havia previsto, o meu coração entrava em contradição com a minha mente.
Olhei ao meu redor e vi as pessoas que lutaram comigo, amigos, professores, entes importantes, autoridades, imprensa e mesmo rodeado de tantas pessoas eu me sentia sozinho e perdido.
Sorriso nos lábios e coração sangrando.
A parte mais importante do teatro da minha vida não estava lá.
Eu era apenas um coadjuvante.
Era pra ela está ali...
A chamada para a entrega dos diplomas começou e a cada nome chamado o meu coração disparava e os formandos subiam no auditório e voltavam felizes exibindo seus diplomas, abraçando amigos e parentes...
De repente eu ouço alguém dizer: André Angelo da Silva. Era o meu nome.
Com as pernas tremendo e coração acelerado caminhei em direção ao palco para receber o meu Diploma.
Nesse momento vivi um dos sentimentos mais loucos que já senti.
Emoção, alegria, tristeza, poder e fragilidade...
Eu chorava por dentro por que eu queria “Ela” ali me aplaudindo...
E começou a passar na minha frente cenas da minha vida como um filme...
Eu parei no tempo...











     Eloisa era uma jovem admirável, de família humilde, conservadora e dona de uma beleza que atraía a atenção das pessoas por onde passava.
Sua mãe, uma mulher muito severa não permitia que ela trabalhasse numa banca de jogos de apostas, onde naquela época não era um trabalho bem visto para mulheres, uma vez que, ela ficaria falada e exposta as cantadas dos homens.
Mesmo contra a vontade de sua mãe Eloisa foi trabalhar pois desejava ser independente, apesar de ter assumido um compromisso com um rapaz com quem logo pretendia casar-se.
Mas ela não imaginava o que o destino lhe reservava.
Numa tarde um homem aparência rude, porém muito galanteador entra na banca para fazer suas apostas. Ele se aproxima dela e  no meio do jogo observa que ela usa uma aliança de noivado e pergunta:
- Reparei que você é noiva, é sério?
- Sim sou e logo me casarei.
- Pois bem, se você me der sorte nesse jogo lhe darei um bom presente de casamento.
Por ironia do destino foi justamente o que aconteceu.
Só que a sua mãe não permitindo que ela aceitasse nada de outro homem obrigou a devolver. E assim quanto mais fatos aconteciam para afastá-los, mais ele tentava se aproximar dela.
Mesmo Eloisa não admitindo a verdade era que a cada dia ela se sentia mais atraída por aquele homem. Ele fazia seu coração disparar e suas pernas tremerem.
Faltando apenas dois meses para o seu casamento ela rompe o noivado, fazendo seu noivo ficar tão decepcionado que mudou de cidade.
Aos poucos Deda foi se aproximando, cercando-a por todos os lados, Até que ela caiu em seus braços e começaram a ser encontrar as escondidas. Sua mãe descobriu, a trancou em casa comprou uma passagem para mandá-la para São Paulo.
Eloisa sofria, se esforçava para dominar ansiedade que mais e mais tomava conta de todo o seu ser, não conseguia esquecer seus beijos e seus encontros. Resolveu então fugir com aquele homem e viver o seu amor.
Deda a colocou numa casa e vivia pelo mundo viajando, na verdade ela não sabia nada a respeito dele.
Com  o passar do tempo ela foi percebendo que ele omitia algo dela e não demorou muito para a verdade aparecer. Ele era casado e tinha outra família e quando ele dizia estar viajando, estava na verdade com a outra...
O desespero tomou conta de Eloisa e ela não sabia o que fazer da vida.
Havia abandonado a família, passado por cima de tudo e de todos para viver com um homem que a enganara todo esse tempo. Decidiu ir embora, sumir da vida dele e tocar a vida pra frente esquecendo que um dia o conheceu.
Mais um a vez o destino lhe fora contra e ela descobre ao passar mal que estava grávida já de cinco meses. E por causa desse filho ela teve que ficar e agüentar viver uma vida dupla e criá-lo.
Um filho homem que nasceu no dia 02 de Novembro d 1975 e ela lhe deu o nome de André Angelo.













      André cresceu em meio a muitas dificuldades. Nunca passaram fome literalmente, mas suas refeições eram limitadas ao trivial. Muitas vezes Eloisa deixava de comer para dar ao filho. Começou a fazer costuras para sustentar o filho, pois seu pai não era tão presente como deveria.
Numa noite Eloisa estava sentada a sua máquina de costuras quando Andrezinho aproximou-se e disse:
- Estou com fome Mãe!
E ela sem saber o que justificar, pois não tinha um lanche para oferecer ao filho respondeu:
- Ah! Filho eu não fiz nada. Você quer que eu te prepare um chá gelado?
      André era um menino inteligente e sabia que sua mãe não lhe oferecia um lanche por que na realidade não tinha. E vendo-a enxugar a lágrima escondida para que ela não percebesse logo mudou de assunto e disse:
- Sabe mãe, um dia eu vou ser Doutor e vou lhe dar tudo que a senhora quiser e nós vamos comer muitas coisas gostosas... Sorrindo ela perguntou:
- É mesmo meu filho? E como você vai ser Doutor se você tem tanto medo de sangue?
- Ah! Eu vou ser Dr. Juiz e a senhora vai ter muito orgulho de mim.
- Certo! Então trate de estudar bastante porque pra ser Juiz tem que ter muito estudo...
E assim eram as noites de André. Ela se agarrava aos cadernos, sentava ao lado da máquina com a mãe e se dedicava aos estudos. Muitas vezes cansado, dormia por cima dos cadernos e era acordado por sua mãe batendo a tesoura e dizendo:
- Acorda! É assim que você quer ser um doutor?
Realmente ele era um menino esforçado, estudava em escolas públicas, tirava boas notas e tinha muita vontade de ser alguém para poder ajudar sua mãe. Aos 14 anos André teve a idéia de vender papel e se deu bem, Ao ponto de sua mãe ficar desconfiada de onde ele estava ganhando aquele dinheiro. Ela temia por ele estar fazendo algo errado. Sempre lhe ensinou a ser honesto e nunca tentar levar vantagem sendo desonesto e esses ensinamentos ele carregou por toda vida.








     Sr. Deda torno-se vereador da cidade, por sinal, um dos mais votados. Eloisa continuava sendo a outra na vida dele. Pouco a pouco eles foram se afastando, mas pelo menos ele lhe deu uma casa para amparar-se com o filho e lhe mandava apenas o dinheiro da feira.
Nos sábados André era encarregado de ir buscar o dinheiro da feira na casa do pai. Era uma situação humilhante para um filho.
André chegava, batia palmas na casa do pai e sua esposa vinha atendê-lo dizendo:
- Diga?
- Papai ta aí? André perguntou.
- Está dormindo, o que é que você quer?
E ele para não se sentir mais constrangido dizia que não era nada, amparava-se na coberta do primeiro andar da casa e lá ficava esperando entra sol e chuva que o pai acordasse e o visse ali. Só então depois de muito esperar escutava as pisadas das botas do pai descendo os degraus...
- Bença Papai! Vim buscar o dinheiro que mainha mandou.
- Deus te abençoe! Ele respondia e dava a maior massada deixando André o esperando enquanto bebia suas pingas na barraca ao lado e só depois dava-lhe o dinheiro.
Ele tinha vários filhos espalhados com outras mulheres, mas só André foi registrado e sua esposa nunca teve filhos. Eles adotaram um filho que para desgosto tornou-se bandido e foi assassinado.
Embora André fosse chamado de o filho da outra, sua mãe sempre dizia que ele ainda ia ser alguém na vida para calar a boca de todos que lhe humilharam.
D. Eloisa conseguiu um emprego na câmara dos vereadores, depois fez o concurso e efetivou-se.
As coisas começaram a melhorar na vida dela e de seu filho...
Conseguiu também uma bolsa de estudos pra André na melhor escola particular da cidade, garantindo assim, um estudo melhor para o futuro dele.
Para André foi muito bom a oportunidade de estudar na Escola nossa Senhora das Graças, O Damas, Porém, ele sentia-se inferior aos demais alunos. Todos eram filhinhos de papai e ele não. Os alunos costumavam chegar de carro, outros tinham motos, roupas de marca, bons sapatos, dinheiro para lanchar na cantina e André ficava só olhando e sonhando em um dia ter tudo aquilo...
O único jeito era tentar se destacar através da inteligência... Tirava as melhores notas, jogava futebol muito bem, e era bom de briga. Com isso ele conseguia o respeito de alguns colegas. Seu jeito brigão era sua alto-defesa para se destacar entre eles.
    Naquela época os meninos usavam um tênis caro, de marca, daqueles que eles deslizavam o pé no chão e ele soltava um apito. André queria tanto um, mas sua mãe não tinha condições de lhe dar. Como ele jogava bem não um dia, um colega o levou até sua casa mostrando a variedade e tênis que tinha e como André não tinha nenhum para jogar no time dos colegas, ele deu um dos seus para que ele jogasse no time deles. Finalmente ele ia poder calçar um tênis bom...
Chegou em casa, lavou o tênis, deixando-o bem branquinho e no outro dia lá estava André, desfilando e apitando seu novo tênis nos corredores da escola.
No radinho tocava...
...Você vai, de carro pra escola e eu só ando a pé, Você têm, amigos a beça e eu não tenho ninguém...
O coração de André estava batendo mais forte e ele suspirava por uma aluna da turma. Certo dia ela se aproximou dele dizendo:
- Oi André! Posso falar com você?
- Comigo?  O quê?
- É que como você é muito bom em matemática eu queria que você me ajudasse na matéria.
- Claro, eu ajudo. Ele respondeu pensando: Só podia ser pra isso que ela se aproximou de mim...
E assim ele foi achando que para as pessoas se interessarem por ele, ele tinha que ter algo tinha que ser alguém, e sua ambição por crescer e ter tudo que sempre sonhou foi tornando-se o seu objetivo de vida.
     Em 1991 envolveu-se com uma moça mais velha, ela engravidou e ele foi pai aos 16 anos. O relacionamento deles não foi duradouro e esta moça casou-se com outro homem, então André não participou da vida da criança. Seu primeiro trabalho foi dirigindo o carro de carne do Matadouro onde seu pai tomava conta. Logo depois seu pai ficou diabético, perdeu dedos do pé, ficou cego e terminou os últimos dias de sua vida em cima de uma cama, vindo a falecer no ano de 1992 na véspera de São João. E apesar dele ter feito sua mãe sofrer André o respeitava e até admirava o seu jeito rude de ser, que talvez tenha sido deixado de herança para ele. Foi difícil perder a figura paterna principalmente antes de prová-lo que ele teria orgulho do filho.
Ficou desempregado, mas tinha o apoio da mãe que nunca o deixava abater-se.
    Em 1994 fez um concurso da PM e passou um e seis meses, saindo porque não se identificou com as doutrinas que não iam de acordo com suas formações de idéias e devido a sua grande ambição em querer mais e mais, desistiu para não ser um mal profissional. Pediu exuneração e foi tentar o vestibular. Passou e entrou para a faculdade de História. Tornou-se professor, começou a dar aulas, mas também não gostava do que fazia, queria sempre mais, tinha uma visão de empreendedorismo, sabia usar o dinheiro, tinha muitas idéias, era criativo ao extremo.
Por intermédio de mais um envolvimento amoroso no ano de 1995 nasceu seu segundo filho: Matheus, este por sinal, veio a sua cara, apesar do relacionamento não ter dado certo com a mãe da criança.
    Em 1999 terminou com muita dificuldade sua faculdade de História e também iniciava um compromisso com uma moça, este relacionamento foi marcado por brigas, idas e voltas pelo motivo de sua mãe ser contra, como também a dela. Mesmo assim quanto mais faziam para afastá-los mais os dois se queriam. Por outro lado André tornou-se mulherengo, garanhão, queria sair com todas as mulheres como forma de recompensar a falta e a indiferença dos anos passados. Ele possuía uma lábia que faziam as mulheres se apaixonarem por ele com facilidade. Adorava cavalos, carros, mulheres bonitas de cabelos longos. Inteligente, conservador, divertido, alegre, agradável, mas junto a estas características tão marcantes quanto a sua maneira de agir e de pensar no que quer, Havia nele um certo carisma que o tornava muito atraente. Fazia da vida uma arte de sorrir, vivia de bem com a vida e por isso era aceito e recebido com prazer e satisfação, espalhava uma energia positiva e essa admiração também causava inveja até nos homens. Sua mãe sempre lhe recomendava:
- Tenha cuidado meu filho, não alimente as ilusões dessas mulheres que você sai,pense no seu futuro.
- O que eu posso fazer mãe? Não sei o que elas têm. Saio com elas uma ou duas vezes e elas logo falam em algo sério, querem me marrar, mas eu escapo, é claro!
Gostava de festas de vaquejada, não era fã de bebida, mas apreciava um bom whisk e amava a noite. Se não fosse pelo trabalho trocava a noite pelo dia com prazer. Não tinha medo de recomeçar, sua sede em crescer era tamanha. No seu dia-a-dia não poderia existir as palavras Eu Acho e Talvez. Deve-se acreditar que a explicação pela sua vontade de querer sempre mais, dá-se ao fato de na sua infância não ter tido as coisas que desejava e a atenção das pessoas que o tratavam, na sua visão, inferior a elas. Ou seja, ele acreditava que para ser respeitado e reconhecido precisava estar numa boa situação social e financeira. E foi contínua a sua missão em realizar-se.
A vida de André começou a guinar em meados de 1999 quando começou a trabalhar na fábrica mais conceituada de sua cidade. Engarrafamento Pitú. Entrou na vaga de auxiliar de serviços gerais. Passou apenas uma semana nesta função. Pós-graduado  em Logística empresarial, logo se destacou na empresa por seu grande poder de persuação. Querido entre patrões e peões, tratava todos com respeito,em fazer diferença entre uma pessoa humilde e uma pessoa de posição. Dono de um temperamento forte, rude, devido as dificuldades que enfrentou, porém tinha um coração enorme, generoso, prestativo, capaz de comover-se com o sofrimento do próximo.
A exemplo disso foi que um dia, voltava de uma de suas farras noturnas com uns amigos, vinham de uma cavalgada, e repente,no meio da estrada um corpo esticado... Seus amigos ignoraram e passaram, dizendo até que devia se tratar de algum bandido ou mesmo de um bêbado que caiu na estrada e diziam:
- Vamos embora André. Mas André resolveu parar e ajudar dizendo:
- Seja lá o que for é um ser humano.
Levou o homem para um lugar seguro e só depois Fo embora. No dia seguinte só se ouvia os comentários de que um homem que havia passado mal e caído na estrada, teria sido salvo por um anjo...
Será que havia um propósito em sua mãe ter lhe dado o nome de Angelo para que ele fosse um anjo na vida de alguém? Essa história lembra a passagem bíblica do Bom Samaritano em (Lucas 10.25-37)






Em uma de suas brigas com sua noiva, eles romperam e ele foi para farra, encheu a cara... Ele não se permitia chorar por ninguém, não dava o braço a torcer.
    Na manhã seguinte remexeu-se da cama, consultou o relógio e tentou reagir, Precisava levantar. Havia chegado tarde na noite anterior, tentou organizar seus pensamentos, Fez um esforço, levantou-se tomou uma xícara de café sem vontade, mais para fumar. Esse era um de seus vícios. Deu uma olhada no espelho,pegou o carro e saiu. Foi a um batizado de um parente para destrair-se... Lá conheceu uma moça simples, séria, de uma beleza natural, de olhar forte e logo ele se aproximou dela trocando telefones e começaram a namorar com o total apoio de sua mãe, D. Eloisa. Mas isso não o impediu de reatar com a noiva...
     Sua vida amorosa era bem complicada...







Sr. Ayron Campos era um dos encarregados da empresa e não admitia que ninguém tomasse seu lugar.
André tornou-se conferente conquistando a liderança do departamento de logística e assim representava uma ameaça para o invejoso Ayron, que começou a perseguir André colocando-o em escalas exorbitantes e humilhando-o o quanto podia.
   Certa manhã a direção resolveu fazer uma reunião com os encarregados e mesmo André sendo de um cargo inferior aos demais, fora convidado a participar e era um convidado especial. Isso foi a gota d’agua para que Ayron assumisse sua rivalidade com André, deixando até mesmo de lhe dirigir a palavra.
A reunião aconteceu e todos debatiam sobre os assuntos da empresa, até que um certo ponto o diretor pediu a palavra a André. Foi então que ele aproveitando a pequena oportunidade expandiu todas as dificuldades em que o departamento passava e na sequência mostrou passo a passo dos procedimentos que eles deveriam implantar para solucionar os problemas. O diretor abismado com a sua expanação lhe disse.
- Quero fazer-lhe uma proposta André!
- Pois não, Faça!
- Darei a você trinta dias para ser encarregado interino e se você resolver esses problemas neste período, Eu o promovo, caso contrário voltará para o depósito. Lugar este, temido por todos os funcionáros...
- O que me diz? Aceita o desafio?
- Está aceito! Respondeu André.
  Os olhos de Ayron demonstravam o ódio e a inveja que ele sentia... André conversou com Deus, viu que era uma boa oportunidade e então começou a usar os seus conhecimentos com o mundo lá fora...
No outro dia fez uma reunião com todos da área, perguntou se eles confiavam nele, passou a sua confiança também par eles e, combinou um a um, para que apartir dali fossem chamados de parceiros.
Outra reunião foi feita, com trinta dias depois do combinado. Sem sombra de dúvida, aconteceu o esperado: Além dele ter cumprido a meta imposta tinha aumentado na estatística de desenvolvimento de setor com 23% a mais que o normal. Foi parabenizado e promovido ao cargo de logística igualando-se ao seu rival Ayron Campos. Este por sua vez, empenhava-se em derrubá-lo enquanto André trabalhava e progredia na empresa, Porém, o mesmo acabou provando do seu próprio veneno... Um dia chegou embriagado na empresa, soltando sua ira sobre André, perdeu o controle, fazendo André calmamente sentir que ali já era o seu fim e nem era preciso defender-se, e foi mesmo o fim para Ayron Campos que foi demitido por justa causa. Talvez ele tivesse tido todos os motivos para arrepender-se já que havia perdido o emprego e depois disso, passado por situações precárias de dificuldades, desempregado, precisando de ajuda, ou melhor, precisando de uma mão. E a ajuda veio justamente da mão de alguém que ele perdeu tempo tentando prejudicar.
André o encontrou tempos depois e mesmo sendo um homem rancoroso e até mesmo vingativo, deu-lhe um tapa sem mão, Ajudando-o e arrumando um emprego para ele numa empresa interligada a que trabalhava na época, com suas referências.
    O sucesso de André crescia, finalmente ele estava conseguindo tudo que sempre quis...
     Recebeu um convite ímpar para trabalhar na Ambev, Empresa bastante renomada e embora estivesse bem na Pitú, não exitou em aceitar o convite principalmente porque ele iria ganhar três vezes mais que seu salário atual.
Foi contratado como Gerente de Operações Logísticas em 2001. Começou então a desfrutar dos prazeres materiais, com um excelente salário, carro a sua disposição, apartamento, boas comidas, bons lugares, lindas mulheres... Deslumbrado e fascinado com a vida que sempre sonhou, o sucesso lhe subiu a cabeça.
Fez novas amizades, freqüentava bons restaurantes, noites em boates caríssimas, rodeado de lindas mulheres, Passava três meses para vim em casa e só vinha por causa da mãe, pois trabalhando e vivendo na capital ele até estranhava as coisas na sua cidade do interior. Sua mãe também pode compartilhar da boa fase financeira que seu filho estava passando.
   Em umas de suas vindas em casa, todo animado chegou dizendo:
- Vamos ali comigo Mainha.
- Pra onde filho?
 - Surpresa. Vamos!
Levou a mãe para uma loja de eletrodomésticos e mandou que ela escolhesse a sua tão sonhada geladeira. Ela ficou toda feliz, pois seu filho lhe dera a geladeira moderna que ela tanto queria.
Apesar de empolgado com a vida que vinha levando havia dias em que ele passava por apertos. Quanto mais tinha, mais gastava, não pensava no amanhã.
    Véspera de Natal ele estava largando e iria pra casa ficar com sua mãe, estava sendo um natal difícil devido aos seus exageiros de gastos. Não havia nem mesmo uma garrafa de vinho para oferecer a mãe, em sua ceia natalina. Isso o deixara desanimado. De repente o seu telefone toca: Do outro lado da linha falava o diretor de sua região... Ocorrera um acidente na Br e umas das carretas da empresa carregada de cerveja havia virado. Esta carga estava avaliada em duzentos mil reais. Apenas 57 engradados foram perdidos. André tinha a função e enviar todo o relatório para a empresa juntamente com o prejuízo causado pelo acidente. Um policial então, tenta lhe subornar, propondo que ele relatasse que toda a carga havia sido perdida e com isso ele ganharia 20% do valor restante. Fora realmente uma proposta tentadora pra quem estava sem dinheiro na noite de natal,especialmente lembrando de que gostaria de levar algo para sua mãe. Mas foi justamente por pensar nela e em seus ensinamentos que ele tomou a decisão mais acertada.
Enviou o relatório como deveria ser, pegou o carro e foi para casa. Lá estava sua mãe preparando uns salgadinhos... Sentaram-se à mesa, comeram os salgadinhos com um belo suco de goiaba enquanto André relatava o que havia lhe ocorrido na estrada... sua mãe chorava emocionada com a satisfação do dever cumprido.
Seu filho aprendera a ser um homem de bom caráter, estava começando a entender que o mundo lá fora oferece facilidades, sucesso, luxo, dinheiro, fama, prazeres, mas de nada valeria se fosse preciso esquecer dos seus princípios sendo desonesto.
   Aquele sim, foi um Natal feliz e inesquecível para mãe e filho.
Algumas pessoas aconselhavam André dizendo que não valia apena ele estar longe de sua mãe, mesmo tendo tudo que ele sempre quis. 
Até que um dia ele precisava ser transferido para outro estado, seria mais uma boa oportunidade, ganharia bem mais, porém ficaria mais tempo longe da mãe. E mais uma vez ele optou por ela e voltou pra casa, decidiu também fazer faculdade de Direito. Prestou vestibular, passou e entrou para a faculdade num curso que verdadeiramente era o que ele se identificava.
    Mas que triste ironia do destino o esperava...
     Era uma noite de segunda-feira, 14 de Março de 2005. André voltava da faculdade, sua mãe estava sentada na calçada de casa, tomando um ventinho. Ele entrou, tomou seu banho e foi para frente da TV, como era de praxe. Logo em seguida sua mãe entrou e disse que estava com agonia e foi deitar-se. Não melhorando, levantou e disse-lhe que não estava bem. Ele saiu e foi pedir ajuda a um vizinho pois estava de moto e pediu que ele a levasse ao hospital em seu carro. Enquanto o vizinho a levava, ele ficou fechando a porta para então ir atrás deles. Antes que ele chegasse lá o vizinho já voltava o encontrando no caminho. O hospital era bem próximo de sua casa.
- O que foi? Já sei, ela vai ficar internada e mandou buscar as coisas dela não foi? Ele perguntou.
Antes que o vizinho respondesse, sua esposa que havia do junto com ele e a mãe de André, já desceu carro aos prantos.
- Sua mãe não resistiu e faleceu. Os médicos não puderam salvá-la, foi um ataque fulminante.
    André sentiu o chão lhe faltar sob os pés... Entrou em choque... A notícia lhe envolveu como uma onda de larva incandescente, queimando, escaldando, até que seu corpo parecia estar no fogo. Ela não podia estar morta...
André ia ter sucesso na vida, seria um advogado para o orgulho dela... Lembrou-se das imagens dela viva... Cozinhando pra ele, rindo das suas piadas, fazendo sua mala quando ele ia viajar, puxando sua orelha quando preciso, aconselhando-o sempre, dando-lhe apoio e carinho nas dificuldades, dizendo-lhe que homem descente e importante ele seria... E na platéia, sentada na primeira fila ela estaria o aplaudindo...
Nunca, enquanto ele vivesse, esqueceria aquele triste dia. Ele abriria mão de tudo para tê-la ao seu lado de novo.
Terminando o sepultamento chegava a hora mais difícil...
    Todos foram para suas casas e André olhou pros lados e sentiu-se completamente sozinho. Ao entrar em casa, sentiu o cheiro dela e pensou: “ Ontém ela estava aqui comigo...” Passou a noite em claro, foi a pior noite de sua vida, mas também foi quando ele sentiu o quanto era forte.

    Todos tentavam confortá-lo, irmãos, amigos, vizinhos, Mas só Deus poderia fazê-lo suportar aquela perda. Ele era filho único e sua mãe era sua melhor amiga, sua companheira, sua fortaleza, A razão que ele tinha para continuar lutando. Embora já fosse pai, por não conviver com os filhos acreditava que só ela era a razão pra tudo na sua vida. Começou a achar que nada mais fazia sentido, que tudo estava acabado e não existia  motivos para querer realizar alguma coisa. Palavras não podiam traduzir tamanha dor. Foi uma fase muito difícil. Aquele rapaz alegre, determinado, idealizador, divertido, havia perdido o brilho e a motivação. As portas e fecharam para ele, as dificuldades apareciam, uma após a outra.
    Para entender a sua dor precisava de uma companhia, não de um ser humano, mas de um ser que apenas ficasse o seu lado. Ganhou então uma cadela filhote da raça Pit Bull e deu-lhe o nome de Katana. Ela parecia muito com ele, por suas características fortes, gestos valentes e ao mesmo tempo muito carente. Daí, aos poucos ele foi retomando sua vida. Começou a dar aula de história na cidade de Chã Grande, tentando sobreviver do pequeno salário de professor. Entre a falta da mãe e as dificuldades financeiras, ainda tinha um filho prestes a nascer em meio a esses dias difíceis. Tudo acontecia ao mesmo tempo, parecia que ele iria enlouquecer. O início foi incerto, confuso e incomum, onde todos os estranhos faziam parte de sua vida, onde todos os cantos da casa teriam histórias escondidas. Era a hora de olhar pra frente.
    No dia 02 de Junho do ano de 2005, André saiu para trabalhar em baixo de uma forte chuva, pilotando sua moto, seu único meio de transporte, para dar suas aulas e quando retornou sua cidade estava em estado de calamidade. A casa que ele havia comprado estava submersa de água devido a enchente que acontecera. Ele resgatou apenas sua cadela com seus filhotes como prova de recompensa pela companhia que ela o havia feito nos momentos difíceis, voltando para casa da mãe.
   Logo após esse aperto acabou vendendo a casa que havia comprado para poder pagar a faculdade que estava atrasada e que ele quase desistiu de continuar, não fosse a idéia de vendê-la.
   No dia 05 de Julho do mesmo ano, ele acordou-se cedo e começou a pedir a Deus uma motivação, pois já estava cansado e desanimado, prestes a desistir de tudo e entregar-se ao fracasso. Foi então que neste dia nasceu o seu filho Vinicius e ele pode entender a resposta de Deus. Muito embora as preocupações continuassem, pois ele pensava como sustentaria mais um filho com um simples salário de professor. Teve o maior apoio da avó materna da criança, que sorrindo abriu a porta do seu sítio e mostrando sua criação de cabras disse que de fome eles não morreriam. E assim os dias iam passando em meio as lutas.
No ano seguinte de 2006, André encontra um amigo candidato a vereador que conhecia seu saudoso pai, Moacir da mandioca, como era conhecido, Este então o diz que o Deputado Henrique Queiroz o procurava para falar com ele. No início ele relutou em não ir, mas Moacir acabou convencendo-o com o argumento de que o Deputado o vira crescer e tinha um afeto por ele e muita consideração aos seus pais. Convencido ele foi falar com o deputado, Chegando em sua casa, ele estava rodeado de pessoas e ele juntou-se a todos. Acabou viajando com o deputado e ficou com ele por uma semana. Ele queria saber de suas perspectivas de vida e prometeu ajudá-lo. De imediato mandou que ele pedisse exuneração de seu cargo d professor para trabalhar com ele, como cargo de confiança, depois passou a acessorá-lo juridicamente, desempenhando muito bem todos os trabalhos... Satisfeito com sua competência o deputado lhe ofereceu mais um desafio pedindo que ele dirigisse a sua rádio. Mesmo sem saber o que fazer trabalhando em uma rádio que não era a sua área e ele de nada entendia aceitou, Até porque André não era homem de correr dos desafios. Com fé em Deus e com suas experiências de empresas e da vida conseguiu suprir todas as necessidades da rádio fazendo com que ela subisse de audiência e, consequentemente em prol de sua melhoria política e nas horas vagas fazia trabalhos extras com o advogado Apolinário e advogando ele começou a ganhar dinheiro de maneira mais sábia como lhe ensinou sua mãe.
   Em meio à vitórias e sucessos, nasce sua filha Maria Heloisa, nome dado em homenagem a D. Eloisa, sua eterna e saudosa mãe. Isso aconteceu em 14 de abril de 2008...
   Em fim André era pai de quatro filhos e preocupava-se com o futuro de todos...

·        Pâmela, a mais velha, já estava uma moça e já fazia até faculdade de Direito, por sinal. Nela há algo de inacessível, porém o pai tenta sempre aproximar-se para recuperar a ausência dos anos anteriores. Ela é semelhante a ele no que se refere a dedicação aos estudos. Moça inteligente! Disso, ele podia orgulhar-se.
·        Matheus, destaca-se por sua valentia e pela super proteção que tem do pai. Ao mesmo tempo um menino de uma ingenuidade tamanha e além de tudo, fã número um do pai.
·        Talles Vinícius, possui um sangue político como o de seu avô. Interativo, carinhoso, esperto, muito extrovertido e dono de uma beleza ímpar.
·        Maria Heloisa, inteligente, organizada, levada, braba, áspera e apaixonada pelo pai. Essa é a sua casula...
Com esses quatro filhos André precisa de fato arregaçar as mangas e trabalhar para dar-lhes um futuro melhor e manter o seu padrão de vida com conforto e saúde. Este seria o seu maior objetivo, pois não sendo a grande falta da mãe, sua vida estava como sempre quis. Tornara-se mais tranqüilo, ponderado, responsável, maduro e focado nos seus ideais. Não agindo por impulsos como antigamente. Sabia isolar-se quando queria resolver seus problemas e pensar com cautela, como também para dar risadas, destrair-se, relaxar e ser ouvido, Ele tinha o seu refúgio.
André também tinha vários irmãos que seu pai deixou destribuidos pelos seus inúmeros envolvimentos amorosos. Isso parece que André herdou dele.
Pode conhecer todos os irmãos, alguns próximos outros afastados. Inclusive havia duas irmães, filhas de criação da esposa do seu pai, que tanto o humilhou quando ele era criança por ser filho da outra, mesmo assim, ele fez questão de ajudá-las como prova de honra por todas as humilhações de sua infância.
Por outro lado teve a alegria de poder conviver com dois irmãos que tornaram-se os mais próximos e amigos dele.
Ana Paula e Valmir. Seus amigos, confidentes, conselheiros, confiáveis, ou seja, os verdadeiros irmãos que André não teve na infância, mas que pode ter quando adulto. E por motivo de tais méritos foram escolhidos para serem os padrinhos de Batismo da pequena Heloisa.
Por morar na mesma cidade Ana pode estar mais presente e conviver com André e sua afilhada, ao contrário de Valmir que reside em São Paulo e só pode vê-los quando vem em Vitória, pois também é um advogado muito ocupado. Acredita-se que a advocacia está no sangue, bem como a política.
Mesmo à distância Valmir e André se falam por telefone, até porque tráta-se de uma das pessoas por quem ele ouve os conselhos e sempre que pode também viaja para São Paulo, mata um pouco da saudade e foge da rotina.